sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Mulheres e Exercício Físico - Mitos e Verdades


  A entrada da mulher no esporte competitivo é muito recente, só em 1972 as mulheres começaram a ter efetiva participação olímpica. Diferentes discursos justificavam o seu afastamento do esporte, como: corpo masculinizado e ausência de condição fisiológica para tal. No entanto, hoje a história é bem diferente, pois apesar das melhores performances ainda serem masculinas, as mulheres conquistam marcas cada vez mais próximas dos homens.
               Ainda existem preocupações e barreiras antigas que amedrontam muitas mulheres, por isso hoje faremos uma discussão sobre mitos e verdades das mulheres no esporte, de forma bem simplificada.
               Verdades
A prática regular de exercício enriquece a saúde geral, com melhora cardiorrespiratória, musculoesquelética, diminuição do tecido adiposo (gordura), diminuição da depressão e melhora do humor, mas para isso é necessário a “dose” certa, pois a quantidade e a intensidade inadequada podem promover efeitos indesejados.
               Alguns cuidados devem ser observados, por exemplo: o excesso do volume de treino está ligado diretamente ao atraso da menarca (primeira menstruação) em meninas; já em mulheres adultas a amenorreia/olimenorréia (grandes espaçamentos entre as menstruações) também é comum e por vezes é necessário diminuir o volume ou cessar o treino para engravidar, para que a menstruação regularize, pois acredita-se que esse fenômeno esteja ligado a alteração hormonal (menor estímulo hipotalâmico para liberação de estrogênio, FSH, LH e progesterona) e aumento das catecolaminas devido ao estresse psicológico.
               A amenorreia é um dos fatores presentes na tríade da mulher atleta, que são: amenorreia, osteoporose e distúrbio alimentar. Por isso deve haver um grupo multidisciplinar formado por professores de Educação física, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, médicos, e todos os que possam contribuir de forma positiva na vida da atleta.
               Apesar de muitas mulheres obterem marcas mundiais e olímpicas difíceis de serem alcançadas por homens “normais”, ainda não existem evidências que as mulheres possam ganhar os homens nas modalidades que exigem força/potência.
               Já os exercícios que necessitam flexibilidade, as mulheres se sobressaem, principalmente durante a infância e o período de gestação (tópico do próximo post).

               Mitos
               A menstruação e a TPM são fatores que geralmente dificultam a prescrição e a continuidade do trabalho, mas parece que esse não é um grande problema, pois mulheres que apresentam dismenorreia (dor durante a menstruação) podem usar remédios anti-prostaglandinas (ácido graxo que gera dor) para aliviar a dor.
               Muitos recordes Olímpicos foram batidos durante período menstrual, segundo mostra um estudo que avaliou atletas durante uma olimpíada, aproximadamente 60%.
               Parece ser um mito que o exercício gera má formação ao feto durante a gestação em seres humanos, visto que esse experimento só foi realizado em ratos e muitas mulheres atletas mantiveram suas rotinas de treino até o último dia de gestação.

Diego Viana Gomes é professor de Educação Física da UFRJ, doutorando em medicina, mestre em Bioquímica do Exercício, Colunista da página Roncato e fundador da Equipe Pena de Atletismo, Patrocinada pela Roncato Brasil 

Key words: mulher; exercício, mitos; verdades