Por Otavio Cypriano

Que
corredor, seja ele profissional ou recreativo, nunca sentiu algum incômodo enquanto corria? Ou sofreu com aquela dor ou lesão que tanto
incomoda?
Provavelmente a resposta para essas perguntas é NENHUM.
Vários
fatores determinantes têm sido associados com lesões em corredores,
incluindo a idade, o peso corporal, o alinhamento, a experiência
anterior em execução, sapatos, terreno em execução, e mesmo fatores
psicológicos.
A seguir seguem algumas considerações para o leitor sobre os processos que envolvem a avaliação e a reabilitação das lesões.
Avaliação de lesões
Na
avaliação de um corredor, deve-se considerar os fatores internos e
externos. Os fatores intrínsecos incluem força e défictes de
flexibilidade que podem ser aplicadas para o plano de reabilitação.
Quando possível, uma avaliação completa da execução da marcha pode
sinalizar para o clínico a causa das lesões e ajudar a reabilitação do
corredor. Fatores extrínsecos, como causa para a lesão em corredores,
são frequentemente atribuídos a alguma alteração na formação do
corredor, incluindo alterações do volume, intensidade, calçado, ou
mudança de superfícies da corrida. A experiência anterior no esporte
também pode orientar o diagnóstico e reabilitação.
Entretanto
não fique triste caro leitor. Muitas dessas lesões são tratáveis apenas
com descanso adequado, gelo e/ou exercícios simples de serem feitos em
casa ou na academia.
Caso
o corredor tenha um diagnóstico no qual tenha que ficar um tempo maior
de molho não se desanime, pois seguem aqui algumas informações
importantes sobre esse processo que pode ser mais divertido e desafiante
do que parece.
Reabilitação das lesões
Proteção
Envolve
dispositivos que ajudam o tecido lesionado a restringir o movimento e
prover amortecimento. Talas, órteses, fitas e botas podem ser utilizados
nesse caso. O uso de tênis pode atrasar a recuperação, especialmente se
há inchaço.
Descanso
Um
dos aspectos mais desafiadores da reabilitação de um corredor é um
acordo sobre a quantidade adequada de descanso para proporcionar alívio
da dor e recuperação. Em geral, a gravidade da lesão e dor dita o quão
rápido um corredor pode progredir de volta ao normal treinamento. Para
certas fraturas por estresse assim como para controle da dor, um tempo
de férias da corrida é importante parte do tratamento.
Gelo
Hipotermia
tem demonstrado ser eficaz durante a fase aguda da inflamação. O
esfriamento do tecido lesionado, diminui o fluxo de sangue, o que supõe
reduzir hipóxia tecidual de edema secundária. Outros potenciais efeitos
benéficos são efeitos analgésicos locais, diminuição do espasmo
muscular, redução da velocidade de condução nervosa, e redução da
demanda metabólica do tecido. O cuidado que se deve ter é para as
queimaduras provenientes do gelo e urticária ao frio.
A
recomendação é aplicar o gelo sem pressão excessiva por 15 a 20
minutos, 2 a 4 vezes por dia, conforme tolerado. Para os múltiplos
estresses do pé e tornozelo até o antepé, fascia plantar e
tendinopatias, a imersão em agua com gelo pode ser muito eficaz.
pode ser muito eficaz.
Compressão
O
inchaço aumentado está associado com maior dano tecidual secundário e
muita perda de movimento. Para a maioria dos corredores, uma compressão
eficaz pode ser realizada com um meia elástica de compressão graduada em
15 a 20 mm Hg. Essas meias também estão sendo usadas rotineiramente
por alguns corredores para evitar edemas. Muitas lojas de esporte vendem
diversas marcas e tipos. A compressão de lesões de extremidades,
especialmente do tornozelo com bandagem elastica ruim ou excessivamente
apertada, pode levar ao aumento do edema distal.
Elevação
O
membro lesionado deve ser colocado pelo menos 15 cm acima do coração
para facilitar venoso drenagem linfática e para evitar a acumulação do
edema. Verifica-se que a elevação da perna pode ser útil durante uma
pausa no meio ou depois de uma corrida. O inchaço das pernas pode
ocorrer devido aos efeitos de um longo prazo ou após repouso prolongado,
mesmo quando não lesionado.
Mantendo a forma
Manter
a forma durante o tratamento das lesões de membros inferiores é muito
importante para o corredor. O Treinamento Cruzado ajuda a manter a forma
com pouco prejuízo ao membro inferior inclusive sendo indicado como
aliado ao treinamento do corredor não lesionado para o condicionamento
físico geral e como prevenção para a lesão.
Métodos
sem a barreira do peso para manter a capacidade cardiovascular, como
ciclismo, nadação, corrida imersa e corrida com gravidade eliminada
podem ser usados. Para a maioria dos corrdores o ciclismo e a natação
podem ser efetivos para manter o condicionamento aeróbico pela falta de
impacto no local lesionado. Entretanto, para o corredor profissional, é
importante se guiar pelo princípio da especificidade do esporte para
manter os modelos apropriados de recrutamento neuromuscular, sendo assim
a corrida imersa a mais adequada para esse caso.
Volta à corrida (reabilitação)
Várias
recomendações foram sugeridas para retornar ao esporte após a lesão de
corredores. Uma abordagem defendida é começando com corrida lenta a um
terço da distância habitual
alternada com um dia de descanso após os sintomas terem diminuído significativamente. Se o
corredor
não apresentar dor pelas proximas 2 semanas, ele ou ela podem aumentar a
quilometragem semanal e aumentar lentamente a velocidade e
intensidade. A sequência de dias deve continuar por pelo menos 4
semanas, e o cross-training deve também ser incorporado ao treino.
Outra
proposta sugere um começo com caminhada com inclinação em esteira de
4.8 a 6.5 Km/h numa inclinação a qual seja possivel tolerar o tempo que
ele normalmente corre.
Dependendo
da experiência do corredor inicia-se um dos dois programas propostas
para o paciente/atleta voltar num nivel melhor e mais cedo para a
corrida.
O programa para corredores iniciantes e intermediários é mostrado na Tabela 1.
A Tabela 2 mostra um programa para corredores mais experientes.
Ambos
programas de caminhada-para-corrida começam com metade da distância
semanalmente rodada antes da lesão ocorer. É importante lembrar que
nesse programa deve se respeitar a regra dos 10%, que é a de nunca se
aumentar mais de 10% da distância na semana seguinte.
A reabilitação de algumas lesões epecíficas estarão contidas em um próximo artigo.
Lembre-se
: todo e qualquer incômodo ou dor deve ser reportada ao treinador
responsável pois a continuidade do treinamento pode agravar a lesão.
E não se esqueça... Vamos correndo
Referências Bibliográficas
MEININGER, A. K.; KOH, J. L. Evaluation of the injured runner. Clinics in sports medicine, v. 31, n. 2, p. 203-15, abr. 2012.
NICOLA, T. L.; EL SHAMI, A. Rehabilitation of running injuries. Clinics in sports medicine, v. 31, n. 2, p. 351-72, abr. 2012.
Palavras chave: lesão, corrida, reabilitação, tratamento, injury, runner, running, rahabilitation, lesion
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