quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Descomplicando e voltando das lesões na corrida


  Que corredor, seja ele profissional ou recreativo, nunca sentiu algum incômodo enquanto corria? Ou sofreu com aquela dor ou lesão que tanto incomoda?

   Provavelmente a resposta para essas perguntas é NENHUM.


  Vários fatores determinantes têm sido associados com lesões em corredores, incluindo a idade, o peso corporal, o alinhamento, a experiência anterior em execução, sapatos, terreno em execução, e mesmo fatores psicológicos.



   A seguir seguem algumas considerações para o leitor sobre os processos que envolvem a avaliação e a reabilitação das lesões.

Avaliação de lesões

   Na avaliação de um corredor, deve-se considerar os fatores internos e externos. Os fatores intrínsecos incluem força e défictes de flexibilidade que podem ser aplicadas para o plano de reabilitação. Quando possível, uma avaliação completa da execução da marcha pode sinalizar para o clínico a causa das lesões e ajudar a reabilitação do corredor. Fatores extrínsecos, como causa para a lesão em corredores, são frequentemente atribuídos a alguma alteração na formação do corredor, incluindo alterações do volume, intensidade, calçado, ou mudança de superfícies da corrida. A experiência anterior no esporte também pode orientar o diagnóstico e reabilitação.

   Entretanto não fique triste caro leitor. Muitas dessas lesões são tratáveis apenas com descanso adequado, gelo e/ou exercícios simples de serem feitos em casa ou na academia.

   Caso o corredor tenha um diagnóstico no qual tenha que ficar um tempo maior de molho não se desanime, pois seguem aqui algumas informações importantes sobre esse processo que pode ser mais divertido e desafiante do que parece.


Reabilitação das lesões

Proteção

  Envolve dispositivos que ajudam o tecido lesionado a restringir o movimento e prover amortecimento. Talas, órteses, fitas e botas podem ser utilizados nesse caso. O uso de tênis pode atrasar a recuperação, especialmente se há inchaço.

Descanso

   Um dos aspectos mais desafiadores da reabilitação de um corredor é um acordo sobre a quantidade adequada de descanso para proporcionar alívio da dor e recuperação. Em geral, a gravidade da lesão e dor dita o quão rápido um corredor pode progredir de volta ao normal treinamento. Para certas fraturas por estresse assim como para controle da dor, um tempo de férias da corrida é importante parte do tratamento.

Gelo

   Hipotermia tem demonstrado ser eficaz durante a fase aguda da inflamação. O esfriamento do tecido lesionado, diminui o fluxo de sangue, o que supõe reduzir hipóxia tecidual de edema secundária. Outros potenciais efeitos benéficos são efeitos analgésicos locais,  diminuição do  espasmo muscular, redução da velocidade de condução nervosa, e redução da demanda metabólica do tecido. O cuidado que se deve ter é para as queimaduras provenientes do gelo e urticária ao frio.

   A recomendação é aplicar o gelo sem pressão excessiva por 15 a 20 minutos, 2 a 4 vezes por dia, conforme tolerado. Para os múltiplos estresses do pé e tornozelo até o antepé, fascia plantar e tendinopatias, a imersão em agua com gelo pode ser muito eficaz.
pode ser muito eficaz.

Compressão

   O inchaço aumentado está associado com maior dano tecidual secundário e muita perda de movimento. Para a maioria dos corredores, uma compressão eficaz pode ser realizada com um meia elástica de compressão graduada em 15 a 20 mm Hg. Essas meias também estão sendo usadas ​​rotineiramente por alguns corredores para evitar edemas. Muitas lojas de esporte vendem diversas marcas e tipos. A compressão de lesões de extremidades, especialmente do tornozelo com bandagem elastica ruim ou excessivamente apertada, pode levar ao aumento do edema distal.

Elevação

   O membro lesionado deve ser colocado pelo menos 15 cm acima do coração para facilitar venoso drenagem linfática e para evitar a acumulação do edema. Verifica-se que a elevação da perna pode ser útil durante uma pausa no meio ou depois de uma corrida. O inchaço das pernas pode ocorrer devido aos efeitos de um longo prazo ou após repouso prolongado, mesmo quando não lesionado.


Mantendo a forma

   Manter a forma durante o tratamento das lesões de membros inferiores é muito importante para o corredor. O Treinamento Cruzado ajuda a manter a forma com pouco prejuízo ao membro inferior inclusive sendo indicado como aliado ao treinamento do corredor não lesionado para o condicionamento físico geral e como prevenção para a lesão.

  Métodos sem a barreira do peso para manter a capacidade cardiovascular, como ciclismo, nadação, corrida imersa e corrida com gravidade eliminada podem ser usados. Para a maioria dos corrdores  o ciclismo e a natação podem ser efetivos para manter o condicionamento aeróbico pela falta de impacto no local lesionado. Entretanto, para o corredor profissional, é importante se guiar pelo princípio da  especificidade do esporte para manter os modelos apropriados de recrutamento neuromuscular, sendo assim a corrida imersa a mais adequada para esse caso.

Volta à corrida (reabilitação)

   Várias recomendações foram sugeridas para retornar ao esporte após a lesão de corredores.  Uma abordagem defendida é começando com corrida lenta a um terço da distância habitual
alternada com um dia de descanso após os sintomas terem diminuído significativamente.  Se o
corredor não apresentar dor pelas proximas 2 semanas, ele ou ela podem aumentar a quilometragem semanal e aumentar lentamente a velocidade e intensidade. A sequência de dias deve continuar por pelo menos 4 semanas, e o cross-training deve também ser incorporado ao treino.

   Outra proposta sugere um começo com caminhada com inclinação em esteira de 4.8 a 6.5 Km/h numa inclinação a qual seja possivel tolerar o tempo que ele normalmente corre.
Dependendo da experiência do corredor inicia-se um dos dois programas propostas para o paciente/atleta voltar num nivel melhor e mais cedo para a corrida.

O programa para corredores iniciantes e intermediários é mostrado na Tabela 1.



A Tabela 2 mostra um programa para corredores mais experientes.





   Ambos programas de caminhada-para-corrida começam com metade da distância semanalmente rodada antes da lesão ocorer. É importante lembrar que nesse programa deve se respeitar a regra dos 10%, que é a de nunca se aumentar mais de 10% da distância na semana seguinte.

   A reabilitação de algumas lesões epecíficas estarão contidas em um próximo artigo.

   Lembre-se : todo e qualquer incômodo ou dor deve ser reportada ao treinador responsável pois a continuidade do treinamento pode agravar a lesão.

E não se esqueça... Vamos correndo

Referências Bibliográficas

MEININGER, A. K.; KOH, J. L. Evaluation of the injured runner. Clinics in sports medicine, v. 31, n. 2, p. 203-15, abr. 2012.
NICOLA, T. L.; EL SHAMI, A. Rehabilitation of running injuries. Clinics in sports medicine, v. 31, n. 2, p. 351-72, abr. 2012. 

Palavras chave: lesão, corrida, reabilitação, tratamento, injury, runner, running, rahabilitation, lesion


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